Instituições Angolanas Estudam a Fertilidade dos Solos Predominantes em Angola
- Escrito por Portal Ciencia.ao
Investigadores do Centro Nacional de Investigação Científica (CNIC), em parceria com a Universidade Independente de Angola (UNiA), a Estação do Desenvolvimento Agrário de Cacuaco e o Laboratório Central da Agricultura e Pecuária, com base na análise das propriedades químicas dos solos ferralíticos, estão a desenvolver estudos que permitam perceber a fertilidade dos solos predominantes em Angola.
Angola é considerado como o 16º país do mundo com maior potencial agrícola. Esta classificação deve-se fundamentalmente pelas seguintes razões: (i) grandes extensões de solos aráveis, estimados em cerca de 58 milhões de hectares, (ii) abundância em recursos hídricos e (iii) energia radiante ao longo de todo o ano. Apesar destes enormes recursos, a agricultura angolana regista actualmente baixas produções unitárias. O principal factor que condiciona a produção agrícola está relacionado com a baixa fertilidade dos solos ferralíticos. Estes solos são os mais predominantes em Angola, ocupam cerca de 22,64% do território nacional.
No período colonial, a agricultura tinha um papel muito importante, satisfazia a maior parte das necessidades alimentares do mercado nacional, e exportava a produção das culturas de rendimento (café, algodão, sisal e banana). O sucesso desta agricultura fundamenta-se pelo profundo conhecimento científico e técnico dos solos de Angola e pela especialização dos Engenheiros Agrónomos em questões de pedologia e em problemas respeitantes a fertilidade dos solos. Com efeito, as investigações realizadas no então Instituto de Investigação Agronómica de Angola, mostraram que 92% dos solos angolanos apresentavam carências de azoto e 94% carência de fósforo. O azoto e o fósforo são os dois nutrientes que mais limitam a produtividade dos solos tropicais, e em particular dos angolanos.
As amostras do solo para este estudo, foram recolhidas na localidade do Sequele, município de Cacuaco, nas profundidades de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm. Nas amostras determinou-se o pH, a matéria orgânica, o fósforo, as bases trocáveis, bem como as variáveis que deles derivam, como a soma de bases, capacidade de troca catiónica, saturação por bases e por alumínio. Estes parâmetros foram interpretados utilizando cinco classes de fertilidade designados de “Muito baixa”, “Baixa”, “Média”, “Alta” e “Muito alta”, onde os três primeiros correspondem os valores entre zero e o teor crítico, e as duas últimas a valores superiores do teor crítico.
Os resultados obtidos das análises químicas indicaram que a maior parte dos valores médios dos parâmetros estudados variaram de “Muito baixa” a “Baixa”. Estes resultados corroboram com os estudos antes realizados neste tipo de solos. Neste contexto, considerando que os solos ferralíticos são pobres em nutrientes e que o país gasta anualmente elevados recursos financeiros na importação de adubos químicos, para este tipo de solo, antes de se aplicar os adubos, deve-se primeiro realizar a análise química do solo, em seguida a calagem para a correcção do pH. Através desta prática, pode-se determinar a quantidade do elemento no solo e estimar as necessidades de calagem e dos nutrientes essenciais necessários para a obtenção de uma produção economicamente rentável para o agricultor.
Para informação adicional contacte os autores do estudo.
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