Menu
RSS

março 2020

Como as Noites de Insónia Podem Comprometer a Nossa Saúde

O sistema imunológico tem fortes implicações em doenças importantes para a saúde pública, como é o caso das doenças inflamatórias, das doenças degenerativas, da obesidade, do câncer, entre outras. O sistema imunológico abriga uma infinidade de células que circulam por todo o corpo, tornando-o uma interface central que percebe, integra e responde a vários estímulos ambientais.

O sono é vital para uma boa saúde. Quando um indivíduo se encontra privado do sono, este não se sente bem.

Uma equipa do Laboratório Veiga-Fernandes, no Centro Champalimaud, em Lisboa, Portugal, descobriu que a função de um certo grupo de células imunitárias, conhecidas por contribuírem de forma muito significativa para a saúde intestinal, encontra-se sob o controlo directo do relógio circadiano do cérebro. O estudo foi publicado na revista Nature.

“A privação de sono, ou os maus hábitos de sono, podem ter efeitos graves sobre a saúde, provocando um leque de doenças que possuem frequentemente uma componente imunitária, tal como as inflamações intestinais”, diz Veiga-Fernandes, o investigador principal que liderou o estudo. “Para perceber porque é que isto acontece fizemos uma série de experiências em ratinhos, começando por perguntar se células imunitárias intestinais são influenciadas pelo relógio circadiano.” 

Os distúrbios do sono ligados ao relógio circadiano ocorrem quando o horário interno de dormir e acordar das pessoas não alinha com o ciclo dia-noite da Terra.

 

Grande relógio, pequenos relógios  

Quase todas as células do corpo possuem uma maquinaria genética interna que acompanha o ritmo circadiano através da expressão dos chamados “genes relógio”. Estes genes funcionam como pequenos relógios que indicam a hora do dia às células, ajudando assim os órgãos e os sistemas por elas compostos a antecipar o que vai acontecer, por exemplo, se são horas de comer ou de dormir.

Como cada um destes pequenos relógios é autónomo, eles precisam de ser sincronizados. “As células no interior do corpo não recebem informação directa acerca da luminosidade exterior, o que significa que alguns deles poderão não estar a ‘marcar’ a hora certa”, explica Veiga-Fernandes. “A tarefa do grande relógio do cérebro – que, esse sim, recebe informação directa da luz do dia – consiste, portanto, em sincronizar todos os pequenos relógios que existem dentro do corpo de forma a que todos os sistemas fiquem por sua vez sincronizados, o que é absolutamente crucial para o nosso bem-estar.”

Entre as diversas células imunitárias presentes no intestino, a equipa descobriu que as chamadas “células linfóides inatas de tipo 3” (ILC3 na sigla em inglês) eram particularmente sensíveis às perturbações dos seus genes relógio. “Estas células desempenham funções importantes no intestino: lutam contra as infecções, controlam a integridade da parede intestinal e regulam a absorção de lípidos”, explica Veiga-Fernandes. “Ora, quando perturbámos os seus relógios, constatámos que o número de ILC3 no intestino diminuía de forma significativa, o que conduzia a inflamações severas, falhas da barreira intestinal e à acumulação acrescida de gordura.”

Estes resultados levaram a equipa a perguntar-se por que o relógio circadiano do cérebro tinha um efeito tão marcado sobre o número de ILC3 no intestino.

Quando os cientistas analisaram a forma como a perturbação do relógio circadiano cerebral influía sobre a expressão de diversos genes das ILC3, descobriram que desencadeava um problema muito específico: o “código postal” molecular destas células desaparecia! Acontece que, de forma a se localizarem no intestino, as ILC3 precisam de expressar uma proteína na sua membrana que funciona como um código postal molecular. Este marcador diz às ILC3, que só residem no intestino de forma transitória, para onde devem migrar. Na ausência dos sinais vindos do relógio circadiano do cérebro, as ILC3 deixam de expressar este marcador, o que significa que se tornam incapazes de chegar ao seu destino.

Segundo Veiga-Fernandes, estes resultados são muito entusiasmantes porque permitem esclarecer por que é que a saúde intestinal fica afectadanas pessoas que permanecem regularmente activas durante a noite. “Este mecanismo é um belíssimo exemplo de adaptação evolutiva”, diz o investigador. “Durante o período activo do dia, que corresponde aos momentos em que nos alimentamos, o relógio circadiano do cérebro reduz a actividade das ILC3 de forma a promover um metabolismo saudável dos lípidos. Mas ao mesmo tempo, o intestino pode ficar danificado durante as refeições. Por isso, uma vez terminado o período de alimentação, o relógio circadiano do cérebro diz às ILC3 para voltarem ao intestino, onde são agora necessárias para lutar contra eventuais invasores e promover a regeneração do epitélio (parede) intestinal.”

“Não é, portanto, surpreendenteque as pessoas que trabalham à noite sejam susceptíveis de sofrer perturbações inflamatórias do intestino. Tem tudo a ver com o facto de este eixo neuro-imunitário específico estar tão bem regulado pelo relógio do cérebro que qualquer mudança nos nossos hábitos surte efeitos imediatos nestas importantes células primordiais.”,prossegue Veiga-Fernandes.

Este estudo vem juntar-se a uma série de descobertas fundamentais, realizadas por Veiga-Fernandes e a sua equipa, que estabelecem novas relações entre os sistemas imunitário e nervoso. “A noção de que o sistema nervoso é capaz de coordenar a função do sistema imunitário é totalmente nova. Tem sido um percurso muito inspirador; quanto mais aprendemos acerca desta relação, melhor percebemos o quão importante ela é para o nosso bem-estar. Aguardamos agora pelo que iremos descobrir a seguir”, conclui. 

 

Autores: Cristina Godinho-Silva, Rita G. Domingues, Miguel Rendas, Bruno Raposo, Hélder Ribeiro, Joaquim Alves da Silva, Ana Vieira, Rui M. Costa, Nuno L. Barbosa-Morais, Tânia Carvalho, Henrique Veiga-Fernandes. (2019). Light-entrained and brain-tuned circadian circuits regulate ILC3 and gut homeostasis. Nature. DOI: 10.1038/s41586-019-1579-3

 

Fonte: ciência.ao com AR Magazine.

Ler mais ...

Cientistas Descobrem Novo Catalisador que Pode Transformar Dióxido de Carbono em Álcool

Uma equipa de investigadores do Collège de France e do CNRS desenvolveu um catalisador à base de cobre capaz de transformar dióxido de carbono (CO2) em álcool, portanto, em combustíveis. Os resultados do estudo foram publicados na revista AngewandteChemie.

O CO2 é um composto químico essencial à vida no planeta, na medida em que participa na realização da fotossíntese. Na atmosfera da terra, a libertação de dióxido de carbono provocada pela acção do homem, fundamentalmente com a queima de combustíveis fósseis e com a desflorestação, tem sido gravosa para o planeta, no que diz respeito às alterações climáticas.

A transformação do CO2 em moléculas orgânicas ricas em energia, útil para a indústria química, é uma estratégia fascinante não apenas como meio de armazenamento de energias renováveis ​​intermitentes em energia química estável, mas também para permitir a utilização de CO2 como fonte de carbono, alternativa aos recursos fósseis de carbono. Todo o processo pode ser feito num electrolisador alimentado por energia solar. Entre os produtos que participam no processo estão o etileno e etanol (álcool). O etileno é o maior produto de tonelagem na indústria química (220 Mt/ano) e é um dos principais precursores na indústria de polímeros. O etanol é amplamente utilizado na indústria como combustível, solvente e matéria-prima para uma variedade de produtos derivados.

A descoberta de tais catalisadores constitui hoje uma importante linha de investigação na indústria e nos laboratórios universitários.

Sob condições amenas, em água com pH neutro, em temperatura ambiente, o catalisador permite a produção de etanol, não apenas com um rendimento muito alto (rendimento farádico próximo a 60%, quase um recorde), mas também com nível de selectividade muito alto, visto ser o único produto do CO2 presente na fase líquida; na fase gasosa contém uma mistura de CO e H2.

A transformação é reversível, para que o catalisador possa ser considerado como muito estável. Esta descoberta abre novas perspectivas no desenvolvimento de novos catalisadores para a transformação de CO2 em etanol.

 

Mais informação clique Aqui

Ler mais ...
Assinar este feed RSS

Links Úteis

Links Externos

Contactos

Redes Sociais